Depois de quebrar um tabu no Barcelona ao mostrar sua marca na camisa
mais famosa do futebol mundial e depois de comprar um clube francês, o
PSG, e transformá-lo em campeão do país em menos de dois anos, o Catar
agora quer investir no futebol brasileiro.
Dirigentes esportivos
do país árabe admitiram ao Estado que estão avaliando os balanços
financeiros de diversos clubes do País, que são candidatos a serem
praticamente comprados pelos árabes. Nada está decidido ainda, mas os
investidores consideram o mercado brasileiro de "grande interesse".
"Temos discutido esse assunto, a possibilidade de patrocinar um clube brasileiro, mas não há nada de concreto até o momento", diz Nasser Al Khater, diretor de marketing do Comitê Supremo Catar 2022.
O Brasil
se enquadra na estratégia do país árabe de aproveitar a publicidade
recebida pelo fato de organizar a Copa daqui a nove anos para catapultar
o investimento no futebol pelo mundo e melhorar a imagem que o planeta
tem do Catar.
Os motivos: o futebol é ainda um mercado em expansão no Brasil, os
clubes estão endividados e, ao mesmo tempo, seu potencial de marketing
não é devidamente explorado.
A ideia é fechar um acordo com um clube grande, da Primeira Divisão, que
esteja precisando de recursos. O passo seguinte seria transformá-lo em
uma referência nacional para, depois, ganhar o mundo, sempre com o nome
do Catar na camisa.
Os números mostram que a ambição dos catarianos cai como uma luva na
ânsia dos clubes brasileiro por mais dinheiro. O Barcelona recebeu US$
140 milhões (R$ 415 milhões) para estampar o nome do país no peito.
Na França, o PSG foi resgatado também pelo Catar, em uma operação que
envolveu até mesmo o emir do país árabe e o ex-presidente francês
Nicolas Sarkozy. Em um ano, o clube gastou 217 milhões (R$ 643 milhões)
para contratar 15 jogadores.
Na Espanha, o príncipe Abdallah Bin Nasser al-Thani comprou o modesto
Málaga por 36 milhões (R$ 107 milhões), enquanto o Catar se lança na
aventura de desafiar as gigantes Nike e Adidas com sua própria marca de
produtos esportivos, a Burrda. Hoje, ela já veste a seleção da Bélgica e
pelo menos três clubes europeus.
Se não bastasse, a rede de televisão do Catar, a Al Jazeera, comprou os
direitos de transmissão de diversos campeonatos europeus e de cem jogos
da Copa dos Campeões da Europa.
No Brasil, os clubes mais valiosos são o Corinthians (R$ 1 bilhão), o
Flamengo (R$ 792 milhões) e o São Paulo (R$ 771 milhões). Para quem
convenceu o poderoso Barcelona a retirar do lugar nobre da camisa o nome
da Unicef e se transformou no primeiro patrocinador da história do
clube, que se orgulhava de não "sujar" sua camisa com publicidade,
seduzir as ávidas agremiações brasileiras não deverá ser muito difícil.
Fonte: Estadão